Nilton Ferreira

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Neste sábado estarei na cidade de Sertão juntamente com o Pampa Y Cielo e com os amigos  do Cantar Galponeiro uma festa botada uma barbaridade!!!
Lançamento em Sertão do CD ...Um fandango à moda antiga do Grupo Cantar Galponeiro,
Será neste dia 20 de junho no tradicional Encontro de Etnias, no Salão Paroquial de Sertão.
Fandango com Cantar Galponeiro, Show com Nilton Ferreira........

Carta aberta ao Amigos e a cultura Rio Grandense.
Durante mais de vinte anos eu me dediquei a uma causa que sempre acreditei ser o laboratório musical mais importante do mundo, e eu não estava errado, vida longa OS FESTIVAIS DE MÚSICAS.
Nesses mais de vinte anos aprendi muito com muitos, aprendi a respeitar o limite dos outros e até mesmo os meus limites diante da enorme concorrência sadia em cada fim de semana, em cada cidade visitada.
Comecei num tempo em que fazer música era prazeroso e dava aquele frio na barriga quando chegava o momento de acender as luzes para os quatro ou cinco minutos mais importantes de nossas vidas e só depois, então, saberíamos quanto era a ajuda de custo e nem importava se cobria realmente esses custos, o que mais importava era a magia de se fazer música nessa cultura magnífica.
Os tempos mudaram - e que bom que mudaram -, muita coisa mudou pra melhor e isso tenho a obrigação de reconhecer.
Os festivais de música, pra mim, sempre foram a forma mais rápida pra chegar aos corações das pessoas e isso eu aproveitei ao máximo e com muita intensidade afinal, só quem realiza um evento nesses moldes sabe o trabalho que dá para fazê-lo, portanto sempre tiveram o meu respeito..
Os festivais me moldaram, me profissionalizaram e me educaram ao mesmo tempo em que sou sabedor da parcela de colaboração que também dei à causa e defendi com unhas e dentes, criticando quando preciso, e aplaudindo quando necessário.
Foi nos festivais que conheci a grande maioria dos amigos que ainda hoje guardo no lado esquerdo do peito, quanta risada, quanta festa, quantos amanheceres, quanto ensaio, quanto nervosismo, quanta dedicação, quanta confiança e quantos aborrecimentos passageiros, desses que duram somente algumas horas depois de uma dose “in natura” de um medicamento chamado esperança com o subtítulo de música nova.
Bueno.
Chegou a hora de me refazer e me estruturar emocional e profissionalmente.
Todos os anos, durante quarenta e três anos de minha vida, comemoro o renascimento de um novo tempo enquanto me despeço do tempo velho.
Confesso que perdi o encanto, perdi a fome de competição, só não perdi o respeito pela causa, mas também confesso que sou sabedor e defensor de uma coisa chamada renovação e é evidente que ninguém tira um pedaço de veste nova para por em uma veste velha, pois rasgará a nova e o remendo não ajustará com a velha.
Estou precisando me recolher da competição mudar meus padrões e continuar cantando e compondo e para isso vou ter que sacrificar alguma coisa antes que eu me torne uma pessoa negativa ,chata e descontente com a causa que tanto defendi.
Chegou a hora de mudar, como faço todos os anos em busca de outros rumos, sem deixar o objetivo maior de lado que é cantar e compor.
Há muito tempo venho me perguntando se é possível uma mudança assim, tão profunda a ponto de tornar possível aquilo que é possível e quem me conhece sabe dessa minha vontade que venho adiando a tempo.
A resposta é:
-Sim é possível mudar! Isso podemos chamar de evolução humana, virar a página e seguir caminhando com a esperança renovada.
Tenho muitos projetos para colocar em prática e para isso, preciso me dedicar para lutar , com a fome e a força que venho perdendo dia após dia quando subo a um palco pra colocar a cultura em julgamento, claro que entendo o movimento e não sou contra essa formula de maneira alguma.
Aos colegas de arte fica o meu mais sincero apreço por cada um, aos amigos das emissoras de radio que são os responsáveis por nossas canções chegarem mais longe muito obrigado parceiros com certeza continuaremos a nos encontrar através das canções e projetos que me dedicarei daqui pra frente.
Já faz um bom tempo que eu tenho me afastado aos poucos e me dedicado a outros projetos.
Seria muito comodo pra mim parar e ficar quieto no meu canto, mas isso seria uma falta de ética, preciso dar satisfação para aqueles que sempre torceram por mim e que fazem parte da minha carreira musical.
Por fim, quero dizer a todos o seguinte:
-A partir de hoje não subirei mais em palco de festivais nativistas para trabalhar em forma de competição, continuarei a fazer minhas canções e dar oportunidade pra aqueles que ainda mantêm essa força dentro de si, o velho “sangue nos olhos”, como carinhosamente falamos.
As canções dedicadas a festivais serão defendidas por amigos, e gente que esteja chegando no meio, isso será a forma mais sensata que achei de não me afastar desse mundo que ajudei a construir.
Saio dos palcos da competição feliz por ter tido tantas oportunidades.
Nos veremos a partir de hoje de uma outra forma que não seja essa tal “COMPETIÇÃO” .
A todos que trabalhei durante esse tempo todo meu mais sincero e respeitoso abraço.
Jaguari grande do sul 18 de junho de 2015.
Nilton Ferreira.